.h-captcha{position:relative;display:block;margin-bottom:2rem;padding:0;clear:both}.h-captcha[data-size="normal"]{width:303px;height:78px}.h-captcha[data-size="compact"]{width:164px;height:144px}.h-captcha[data-size="invisible"]{display:none}.h-captcha::before{content:'';display:block;position:absolute;top:0;left:0;background:url(/wp-content/plugins/hcaptcha-for-forms-and-more/assets/images/hcaptcha-div-logo.svg) no-repeat;border:1px solid #fff0;border-radius:4px}.h-captcha[data-size="normal"]::before{width:300px;height:74px;background-position:94% 28%}.h-captcha[data-size="compact"]::before{width:156px;height:136px;background-position:50% 79%}.h-captcha[data-theme="light"]::before,body.is-light-theme .h-captcha[data-theme="auto"]::before,.h-captcha[data-theme="auto"]::before{background-color:#fafafa;border:1px solid #e0e0e0}.h-captcha[data-theme="dark"]::before,body.is-dark-theme .h-captcha[data-theme="auto"]::before,html.wp-dark-mode-active .h-captcha[data-theme="auto"]::before,html.drdt-dark-mode .h-captcha[data-theme="auto"]::before{background-image:url(/wp-content/plugins/hcaptcha-for-forms-and-more/assets/images/hcaptcha-div-logo-white.svg);background-repeat:no-repeat;background-color:#333;border:1px solid #f5f5f5}.h-captcha[data-theme="custom"]::before{background-color:initial}.h-captcha[data-size="invisible"]::before{display:none}.h-captcha iframe{position:relative}div[style*="z-index: 2147483647"] div[style*="border-width: 11px"][style*="position: absolute"][style*="pointer-events: none"]{border-style:none}
Receba as colunas de Júlia Pessôa no seu e-mail

Veja o que já enviamos

Pochetes, mulheres e cidades

Sacolas, embrulhos e trajetos multidirecionais ilustram sobrecarga feminina diariamente no espaço urbano

ODS 5 • Publicada em 15 de outubro de 2024 - 09:11 • Atualizada em 15 de outubro de 2024 - 11:55

As mãos das mulheres nunca estão vazias – e se estão, certamente a carga foi para uma mochila ou ório que o valha… No transporte público, nas ruas, no trabalho, elas equilibram sacolas, bolsas, embrulhos. A qualquer hora do dia, não é raro ver uma de nós “aproveitando” que está fazendo X para também fazer Y, sempre carregando o peso de alguma tarefa extra que parece nunca acabar. É um reflexo claro da sobrecarga de responsabilidades, sobretudo aquelas invisíveis, que recaem sobre a gente.

Leu essa? A idade certa para ser mulher é ser homem

Em qualquer cidade, enquanto o trajeto dos homens, em sua maioria, segue um ritmo simples e direto, pendular, da casa para o trabalho e do trabalho para casa, o caminho das mulheres é uma rota com várias paradas, em zigue-zague. Há crianças para deixar na escola e mil atividades, compras para fazer, medicamentos para buscar na farmácia, parentes a quem prestar cuidados, uma “coisinha pra resolver”. Nosso trajeto se multiplica em desvios, demandas extras, e tantas sacolas que parecem desenhar um polígono no mapa da cidade, tatuando diariamente a desigualdade de gênero no mapa urbano.

Receba as colunas de Júlia Pessôa no seu e-mail

Veja o que já enviamos

Sempre me lembro de quando era criança nos anos 1990, e achava o máximo que minha mãe usasse pochete, quando nem era cool como atualmente – de novo, e até quando? Hoje entendo que antes de qualquer escolha fashion ousada, ela precisava, na verdade, de mãos livres para tocar o dia e a vida com dois filhos pequenos e um zilhão de tarefas. Uma mão em mim, outra no meu irmão, e a pochete firme na cintura, como uma ferramenta de guerra, um jeito de carregar o necessário sem perder de vista as crias.

Mulheres e suas sacolas nas ruas de São Paulo: sobrecarga feminina diariamente no espaço urbano (Foto; Agência Brasil)
Mulheres e suas sacolas nas ruas de São Paulo: sobrecarga feminina diariamente no espaço urbano (Foto: Agência Brasil)

Hoje vejo que essa figura da mãe onipotente, circulando na cidade com aparentemente tudo sob controle, esconde a sobrecarga não só da minha mãe, mas de tantas (todas?) outras mulheres. Enquanto o patriarcado faz a gente romantizar essa imagem de “supermulher” carregada de sacolas, bolsas ou no improviso de uma pochete, a realidade é que mulheres não podem se dar ao luxo de não serem super, porque ninguém mais está disposto a carregar o que elas carregam, nas mãos e na vida.

E os homens, quantos braços ocupados têm? Quantas sacolas seus trajetos carregam? Também da infância, lembro-me do meu pai carregando um outro ório, tão em desuso quanto a pochete já esteve: uma edição do JB. As mãos dos homens carregam o que eles querem levar, e não o que precisam. É óbvio que existem homens equilibrando sacolas, bolsinhas de bebê, mochila de filho e o diabo a quatro por aí, sobretudo os mais pobres e os negros – que, não por acaso, costumam coincidir.  Mas, estruturalmente, são as mulheres que giram em torno de múltiplos eixos, divididas entre o trabalho e as inúmeras tarefas invisíveis do cuidado.

É preciso perceber o peso que vemos nas cinturas e braços pela cidade para que haja justiça social e igualdade entre os gêneros. Ninguém precisa de mais supermulheres exaustas. Com ou sem sacolas (ou pochetes).

Apoie o #Colabora

Queremos seguir apostando em grandes reportagens, mostrando o Brasil invisível, que se esconde atrás de suas mazelas. Contamos com você para seguir investindo em um jornalismo independente e de qualidade.

Receba nossas notícias e colunas por e-mail. É de graça.

Veja o que já enviamos

2 comentários “Pochetes, mulheres e cidades

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *